História
Como tudo começou.....
Bora Viajar de Fusca, Gente?
Por Luís Sander
Um grupo de pessoas que nunca se viram, um site na internet, uma foto, e a paixão em comum por um carro, o Fusca. Essa foi a lista de ingredientes principais para uma das receitas mais bem realizadas dos últimos tempos, em se tratando de encontros automobilísticos: a “1ª. Viagem ao Interior de Minas, Bora?!”, que aconteceu nos dias 16 e 17 de maio de 2009.
A partir desse dia, 31 de março de 2009, a vontade de viajar de fusca cresceu e se espalhou em proporções exponenciais, recebendo adesões, informações e novas ideias dos membros do Fórum. Um novo tópico – agora específico sobre a viagem - foi criado e nosso grupo continuou a aumentar, enquanto o roteiro ia sendo traçado, as cidades iam sendo escolhidas, os tempos e distâncias calculados, as paradas e pontos de encontro. E então, da criatividade de um outro mineiro, dessa vez de Barbacena (também na região), o Cláudio, saiu o nome “Bora?”, uma corruptela de “Vamos embora?”, muito utilizada em Minas.
E assim, vindos de todos os lados, esses homens loucos e suas máquinas maravilhosas se encontraram na cidade histórica - e patrimônio da humanidade – de Ouro Preto, numa bela manhã de sábado, dia 16 de maio, com destino a Bichinho, distrito de Prados, próximo a São João Del Rei. Juntos na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, estavam cerca de treze VW a ar (havia uma Variant 73 placa preta e, mais tarde surgiu no grupo uma Brasília, maravilhosas as duas) esperando o início de uma linda fusqueata, enquanto amizades iam se consolidando, motores roncavam, e adesivos eram distribuídos e colados nos vidros.
Nessa hora me vêm à mente e ao coração a lembrança de todos os amigos de viagem, e assim quero agradecê-los pelo ânimo e coragem, pelo alto-astral, pela solidariedade e espírito aventureiro: Marcel Franco e seu pai, Nilo, o Cid de São Paulo e o Cid carioca, o fabuloso Paulo Mota com sua carretinha feita com uma traseira de Fusca, o Léo, o Bruno do Portal do Fusca de BH, o grande churrasqueiro Celso, Júlio, Borges, Cláudio, Urbano, Aristides, Gilmar, Paulo, o Juliano do Clube do Fusca de Poços de Caldas, e mais um ou outro que minha fraca memória pode ter deixado escapar. Era muita gente, e mais esposas, namoradas, filhos, era muito carro e muita vontade de fazer daqueles dois dias um fim de semana inesquecível! Então, pela primeira vez, é escutado o grito, emitido por uma voz humana e não digitado num teclado: “BORA?!?!”
Dia seguinte, muita neblina e com o termômetro marcando algo bem perto do zero, uns animadíssimos e outros com uma certa ressaca, seguiu a fusqueata pela belíssima estrada que liga Ouro Preto a Ouro Branco, uma sucessão de curvas suaves entre as montanhas e matas, num trecho onde se preservam até hoje pontes de pedra do século XVIII e por onde muita tropa de mulas e muita riqueza já passou. Atrasados, pois ninguém é de ferro, infelizmente não passamos por Coronel Xavier Chaves para visitar o alambique onde foi tirada a foto causadora de tudo (ainda bem, pois estávamos dirigindo e seria um pecado não poder experimentar a cachaça da região, já mundialmente famosa), seguindo direto para São João Del Rei. Foi lá que se juntou a nós o Cláudio, de Barbacena, o criador do nome “Bora?”, em seu impecável 71, a caminho de Tiradentes e depois Bichinho, onde almoçaríamos uma deliciosa comida mineira.
Já mortos de fome, paramos alguns quilômetros à frente, em Bichinho, distrito de Prados, ainda bem próximo de Tiradentes, um povoado interessantíssimo e um paraíso para aqueles que querem comer bem e comprar artesanatos típicos da região. Lá rumamos direto para o “Tempero da Ângela”, famoso restaurante de comida típica da região. A modesta e sorridente Ângela já nos aguardava com um imenso quiosque repleto de mesas reservadas para o grupo, além da inacreditável hospitalidade com que ela e sua família costumam receber os clientes. Pudemos – e já era tempo! – trocar enfim os bancos de Fusca pelos bancos de madeira, e o cheiro de gasolina pelo delicioso aroma da comida feita em fogão de lenha. Era muita comida, e muita comida boa!
E assim, tristes pelo final que se aproximava e pelo efeito de tanta comida, que começaram as despedidas, em torno das 2 da tarde. Era o fim do “Bora?”, mas apenas o fim do primeiro. Dava pra notar pelas nossas caras cansadas e satisfeitas que aquilo nunca iria acabar ali. Alguns até já combinavam o próximo passeio, já trocavam telefones, e todos se abraçavam, amigos de verdade afinal. Um último “até logo”, e carros na estrada. Alguns ainda pegariam muito chão até chegar em casa, outros nem tanto, mas o dia seguinte era segunda-feira, dia de trabalho, de esquecer as estradas de terra e a comida mineira farta, dia de encarar trânsito difícil e correr atrás das responsabilidades.
Cheguei em casa cansado mas ainda eufórico, tomado por uma emoção que havia muito não sentia. Foi realmente emocionante como conseguimos montar um esquema desse tamanho, ninguém conhecendo ninguém, apenas via internet e em tão pouco tempo! Impressionante como todos nos demos muito bem, muito bacana a simpatia e a união que envolveu todo o grupo. No final de tudo, acho que só mesmo Fuscas pra terem donos tão solidários, bem humorados e festeiros, e só mesmo os Fuscas pra conseguir tamanha façanha!
Sem privilegiar um ou outro, eu agradeço de coração a TODOS os que participaram desse passeio, todos esses guerreiros e guerreiras, adultos, crianças, todo mundo que de qualquer forma tenha prestigiado esse nosso encontro. Parabéns a essa galera animada, a essa gente que comeu asfalto vindo de longe até as Minas Gerais, parabéns a cada um, seja mineiro, paulista, carioca, o que for! Parabéns mesmo por cada sorriso, cada informação, cada idéia, cada conversa, cada quilômetro rodado.